19 de dezembro de 2010

Para: Aquela que sempre será única.


Mãe,
Eu senti necessidade de te escrever, porque carrego um nó imenso no peito, desde aquele dia em que tu disseste que tens vergonha de mim. Olha mãe, se a tua intenção era me ferir, ok, tu conseguiste e com pontos extras. Porque só eu sei o quanto doeu mãe, só eu sei. Acho que nunca vou esquecer aquele momento. Nunca vou esquecer a sensação de paralisia diante daquela afirmação grotesca. E mesmo com aquela minha mania de prender choro e esconder sentimentos, naquele momento eu não pude, eu não consegui me conter, tive que sair quase correndo da sala, pra não te deixar ver que os meus olhos transbordavam a agonia de ouvir da única mulher que devia me apoiar sempre, o pior de todos os sentimentos. Eu sei mãe que eu sou meio estranha mesmo, lembro tantas vezes em que tu disseste pra mim – Porque tu és assim Maria Carolina? Bem que tu podias ser normalzinha de vez em quando não é?
Bom mãe, desculpa tá? Desculpa se eu não sei ser normal nem de vez em quando. Porque eu sou do tipo de garota que cresce pra dentro. Mas tu nunca conseguiste enxergar isso. Mesmo convivendo comigo há 16 longos anos. É por isso que eu prefiro me esconder atrás dos meus livros e me refugiar nos braços do meu amor. Porque eu não sei ser ativa a todo o momento, nem sorrir quando eu não to feliz. E muito menos ficar contando piada por ai. Eu acho que nasci no século errado, é isso. Mas tu me balançaste mãe. Me machucaste. Tu disseste que eu devia ir ao psicólogo, talvez eu deva mesmo, mas eu garanto aqui e em qualquer lugar – Nem terapia me faria mudar, porque eu sou isso, tu entendes? Não, não entendes não é?
Eu me auto puni por dias, ou melhor, estou me auto punindo ate agora. Porque, não ser boa o suficiente pro vizinho da frente é uma coisa, e não ser pra ti é outra. Eu sei que eu sou desajeitada, quebro tuas louças, fico calada quando devia falar, e falo quando devia ficar calada. Sei que eu pareço desanimada às vezes, e que eu te incômodo quando passo as madrugadas com aquela insônia, ou quando eu tomo café demais. Ah, eu só queria que tu soubesses que eu não escolhi ser assim, eu só sou e pronto. Então mãe, pelo menos saiba que eu te amo muito e que isso não vai mudar. E me desculpa de novo, por tudo que eu não sou, por tudo que tu querias que eu fosse. Por tudo que não é.
Mas eu mamãe? Eu daria a vida por ti.

#eu vou te amar ate quando o céu cair.

Um comentário:

  1. Ai Deus! Complicado demais isso. Entendo perfeitamente este texto.. Entendo perfeitamente essa situação. Espero que esteja tudo bem contigo menina.


    milbeijos.

    ResponderExcluir